Um gênero que ganhou muita força nos últimos anos no mercado de games. Esta é a visual novel, segmento que parte do ponto que o jogador tem participação ativa na construção dos rumos da história. Como toda "modinha", uma enxurrada de títulos invadiu o mercado nos últimos dois anos tentando surfar essa onda, e é de encher o peito de orgulho que uma pérola no meio deste oceano seja uma produção brasileira.

Soul Gambler, desenvolvido pelo TIön Studios, coloca o jogador na pele do aparentemente comum Faust, jovem que está prestes a ter sua vida revirada de cabeça para baixo em uma aventura mística rápida e intensa. Sem mais delongas, vamos ao que interessa abaixo.

Comparável com: Cinders

Gráficos: 8
Começar a jogar Soul Gambler é como se você entrasse num comic book indie de uma editora de ponta dos EUA. Traço agradável dos personagens, cenários e cores fogem do lugar comum e enchem os olhos de forma a envolver o jogador durante a partida, a dinâmica de escolha de ações funciona como se você estivesse mesmo construindo a história em quadrinhos da vida do personagem principal... a parte gráfica do título é um dos pontos mais altos, uma experiência visual diferente do que se tem no mercado. Nesse ponto entra também a comparação com Cinders: ambos empregam uma linguagem imagética única daquelas de deixar marcas até nos jogadores mais experientes.

História: 8
O enredo do game tem humor e mistério na medida certa, e algumas vezes vai te surpreender com as reviravoltas que ele apresenta durante a aventura, mostrando uma certa agressividade que não dava para imaginar que poderia ser encontrada nele. É um raro exemplo no mercado dos games em que os autores conseguiram construir uma história no mundo contemporâneo envolvendo magia e misticismo sem parecer infantil ou tolo. Dica: se você conhece o livro "Fausto", do escritor alemão Goethe, o desenrolar do enredo do game vai ser mais interessante ainda, por incrível que pareça.

Jogabilidade: 7
Como a jogabilidade de Soul Gambler é boa! O sistema de atributos é de fácil compreensão, lembrando o utilizado nos áureos tempos das Aventuras Fantásticas do mestre Steve Jackson, e a tomada de decisões no game ficou muito mais interessante por ser apresentada também no formato dos comics e com cores de fundo que representam o sentimento do personagem na ação, o que é um diferencial digno de nota.

Por outro lado, o título não exige tanto do jogador, o que é ligeiramente frustrante. É praticamente impossível morrer antes do fim da história (não precisa ser um Long Live The Queen da vida que te mata de 10 em 10 minutos, mas poderia ser um pouco mais difícil), e já no primeiro playthrough fica bem perceptível quais são os caminhos de ação dentro do título, sendo assim não são necessárias muitas horas de jogo para destrinchar o game todo.

Um pequeno ponto negativo é o sistema de save, que não pode ser acessado a qualquer momento como na maioria das outras visual novels e acaba sendo desconfortável para jogadores mais experientes no gênero.

Música: 6
Neste ponto o game ficou devendo. Por mais que em visual novel a trilha sonora seja o fator menos importante comparado com os demais, ainda assim é um aspecto que pode aumentar a imersão do jogador na história. Em Soul Gambler depois de um certo tempo a música fica cansativa e certamente sobrou espaço para experimentar mais com os arranjos e com o som ambiente das cenas.

Nota final: 7.25/10
Soul Gambler é uma graphic novel digital de mistério daquelas que você fica ansioso para descobrir o que vai acontecer na próxima cena, pois sabe que será surpreendido de alguma forma. Apesar de ser um título curto (mais ou menos uma hora por playthrough), ele é muito intenso e é graficamente uma das visual novels melhor concebidas nos últimos anos. Para quem curte o gênero é obrigação jogar!

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