já tinham me vendido a ideia de que a cdpr é ótima fazendo dlcs. o trailer de jogabilidade e lançamento, as notas e comentários sobre; tudo isso saindo contribuiu pra me deixar hypada ao nível extremo e contar os dias pra sair. lançamento chegou, acho que zerei em uns 3 dias fazendo todas as sides e, no final, todos estavam certos.

um avisinho que talvez essa review tenha alguns pequenos spoilers, mas vou sinalizar todos >:)

antes, não, a dlc quase não tem bugs, e os que tem não atrapalham na experiência, pode ir sossegado.

senti uma melhora gigantesca na narrativa e na execução da história. não teve um momento em que pensei que “tava muito chato”, que não fazia sentido, que tava ali só pra preencher espaço. toda a extensão da dlc é divertida de se jogar, todos os acontecimentos são significativos e te deixam curioso pro que vai acontecer em seguida. a história é muito interessante e bem escrita, com boas mensagens e filosofias. além disso, a imersão também melhorou demais; já achava a do base boa, mas juntando todos os fatores que vou citar mais pra frente, conseguiram deixar muito mais profunda ainda.

a ambientação continua excelente. dogtown é tudo fudida estruturalmente, mas ainda assim é linda. mesmo sendo incomparavelmente menor que night city, tem muita variedade de locais, com inimigos diferentes, e — minha parte favorita — cantinhos pra explorar. é inegável que em questão de design de mundo, esses caras não erram nunca.

os personagens novos são muito cativantes, interessantes e você consegue sentir a profundidade das suas personalidades, te fazendo desejar que pudesse passar mais tempo com eles, conhecê-los e explorá-los além da dlc.
e isso leva à parte mais legal da dlc, que, por você conhecer os personagens por tão pouco tempo, te faz questionar se realmente deveria confiar neles, ainda mais numa situação de literal vida ou morte. você passa o maior tempo de gameplay se perguntando se todos estão mostrando quem eles realmente são e suas verdadeiras intenções. você nunca tem certeza de nada até terminar a dlc. e eu absolutamente amei isso.

as side quests como sempre estão maravilhosas. gostei muito que exploraram melhor o conceito de consequências, te fazendo reconsiderar algumas decisões e mostrando que, mesmo que achemos que estamos fazendo a escolha certa, às vezes as coisas não terminam tão bem quanto a gente esperava. citação especial pra quest do robozinho, uma das primeiras da dlc, que virou uma das minhas favoritas. é tão simples, mas é um lado tão criativo e divertido do jogo. soltava uma risadinha com toda mensagem que ele me mandava usando os emotes, e ficava até meio emotiva com os registros de memória que você ia encontrando. reprogramar ele me deixou feliz de verdade. como pode eu sentir tudo isso com uma side curtíssima que não tem nada a ver com a história principal, sabe?

a árvore do relic adicionou novas mecânicas muito massas pro game. eu só tive a chance de experimentar a melhoria no monowire e a que destaca os pontos fracos, essa última que é muito útil (e divertido demais só explodir os inimigos fodase).

o sound design ta maravilhoso. achava muito massa toda vez que ouvia o som dos terminais do relic e sabia que tinha algum por perto, até mesmo com os drops do Hansen.
aproveitando a fala sobre os drops, gostei DEMAIS desses eventos aleatórios, junto com os de roubo de carros do El Capitan. mesmo que fique um pouco repetitivo depois de um tempo, ainda é muito divertido de se fazer entre quests ou quando você não tem nada pra fazer mesmo. ajudou demais na imersão também.

a soundtrack ta impecável. im-pe-cá-vel. diria facilmente que é um dos fatores que mais se destaca. tinham momentos que eu achava a música que tava tocando tão maravilhosa que eu sentia vontade de sei la entrar dentro do meu headset, principalmente nos finais. coisa de outro mundo, não consigo nem botar em palavras direito, de verdade. PT Adamczyk e Jacek Paciorkowski não precisavam ter ido tão duro…

os finais tem uma execução perfeita, fazendo inclusão de gêneros não muito explorados no jogo principal, com visuais maravilhosos e uma das maiores imersões que já senti com videogames. diria que tive a “sorte” de fazer meu final favorito de primeira, e foi ele que me fez pensar “ok, talvez esse realmente seja meu jogo favorito”. pros curiosos de plantão, é o que você “trai” a songbird. a parte que você vai atrás dela, com a quimera te perseguindo, os elementos de survival horror, o uso das cores, o momento que você acha a song e ela te leva pra ver as memórias dela, com os diálogos profundos, ter que lidar com a moral e o emocional pra decidir o destino final dela… absolute cinema.

não tão relevante, mas nunca achei que ia ficar tão emocionada e impactada com créditos. eu já tava extremamente destruída depois de ter terminado a dlc pela primeira vez, tendo feito o melhor e mais emotivo final, dai depois desse vídeo de créditos foi tudo pro caraio memo. que direção de arte LINDA, além do Dawid Podsiadło mais uma vez trazendo uma música de qualidade ESPETACULAR pra série.

acho que minha única reclamação é que gostaria que o Hansen tivesse um pouco mais de participação direta. você vive ouvindo falar dele a dlc inteira, mas mal vê e interage com ele. pra mim, ele não tem o “feeling” de antagonista igual os outros tem, parece só um cara autoritário que ta ali pra encher teu saco.

o novo final da v é o pior. não to falando em questão de enredo ou execução, muito pelo contrário. é o pior porque é o mais doloroso, ao mesmo tempo que é lindo. é a definição perfeita de agridoce. de todos os outros, esse foi o que me deixou mais emotiva, ao ponto de eu pensar aleatoriamente sobre e sentir uma vontade gigantesca de soltar algumas lágrimas. eu não percebi que tinha criado uma conexão tão grande com a protagonista até chegar nesse ponto.

essa parte é puro spoiler. se quiser saber o final da protagonista por si mesmo, só ignora.
v ganhou uma chance de viver, mas perdeu tudo que lhe fazia continuar viva. sua namorada, a maioria de seus amigos próximos, o escroto que vivia na cabeça dela. os cromos, o rumo da vida; tudo que ela achava que a definia. a cidade não era mais a mesma, não tinha mais o mesmo sentimento de “casa”, se sentia uma turista, nas palavras dela. ela não terminou como uma lenda, mas como uma pessoa qualquer.
ao mesmo tempo, o quão bonito é poder recomeçar do zero? deixar pra trás os seus erros, os seus arrependimentos e as suas perdas? se redefinir, se criar de novo? ter a chance de viver uma vida ordinária, sem o risco e a preocupação consigo mesma e com quem você ama, sem os olhares odiosos e sanguinários sobre você, sem o medo constante da morte? encontrar um novo sentido pra tudo depois de todo o caos? o quão bonito é poder ser só mais uma no meio da multidão?

desde que entrou pros meus favoritos, esse jogo nunca se encaixou só num patamar de videogame pra mim, sempre foi muito mais além. não é só um rpg futurístico genérico. ele realmente te faz pensar sobre muitas coisas, te toca em muitos níveis, te inspira e te intriga. eu não sei explicar. tem Algo que realmente “fala” muito comigo, e isso já era assim no jogo base, com a dlc só intensificou ainda mais.

acho que eu gosto um pouquinho desse game.